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Projeto Vini 42

A concepção de um veleiro de cruzeiro rápido, com alcance de velocidade sem sofrimento e características resistentes e robustas.

Após a construção dos veleiros do Around Alone, Open 50 e 60, que apresentavam singraduras de mais de 400 milhas em 24 horas, os projetistas franceses perceberam que poderiam projetar veleiros de cruzeiro com rendimentos de 30 % acima da média das singraduras atuais. Como conseguir este aumento? Somente com estudo aprofundado de hidrodinâmica, aerodinâmica e hidrostática.

Casco:

Desenhado com linhas d’água que se mantém simétricas, mesmo quando adernado de 0º a 15º e que nos permite a perda de energia com atrito diferenciado entre os lados emergidos. Um casco com coeficiente prismático grande, bocas de linhas d’água maiores e mais largas para ventos de alheta para popa o que dá maior possibilidade de planeio com adernamento próximo de 0º. Mas, com coeficiente prismático pequeno quando na orça, bocas de linhas d’água menores e maior penetração para 12º a 15º de adernamento, sempre mantendo a simetria das linhas.

Casco bem afilado na proa para águas “picadas” e volume de sustentação alto para não enfurnar em mares “pesados”. Borda de casco baixa para não provocar arrasto aerodinâmico quando adernado.

Quilha:

Dividida em duas partes: asa e bulbo. A asa da quilha pode ter sua eficiência maximizada em função de um perfil mais delgado, sem necessidade de lastreamento, já que o bulbo leva todo o chumbo; este por estar o mais baixo possível leva o centro de gravidade do barco todo para o fundo do casco. O bulbo também serve para diminuir a turbulência provocada pela ponta das quilhas convencionais que diminuem a sustentação pelo efeito “downwash”. Este tipos de quilhas nos proporciona maior velocidade, menor área de atrito e maior eficiência de sustentação na orça.

Leme:

Optou-se por dois lemes angulados para obter maior eficiência, por duas razões: em primeiro lugar, sempre se tem um leme aproximadamente na vertical mesmo com adernamento de 12º a 15º. Observar que a somatória das duas áreas destes dois lemes ainda é menor que a área de um único leme (menor atrito). Em segundo lugar como o perfil destes lemes é muito mais estreito porque o eixo que eles precisam é de diâmetro bem menor (quase a metade do diâmetro de um leme único) a penetração é maior e com menor arrasto.

Os lemes são colocados o mais próximo possível da popa e sobre o casco para evitar a perda de sustentação (downwash). A proa permanece um pouco afundada para aumentar o braço de rotação do barco, e isto permite ter uma área de leme menor e consequentemente menor atrito e arrasto.

A distância entre os eixos dos lemes está definida pela linha de simetria do volume de água submersa do casco, adernado a 12º e consequentemente nunca se terá um leme não submerso.

Os lemes adotados no Vini 42 são compensados e sensíveis, ou seja, requerem um esforço muito pequeno para manobrar o barco, o que facilita a utilização da cana de leme, piloto automático, leme de vento ou roda de leme.

O mecanismo do leme, por ser simples e externo é de fácil manutenção.

Para conseguir maior velocidade, precisamos de maior potência. O motor de um veleiro é a sua área vélica. Consegue-se com o casco, quilha e velame do Vini 42 uma razão acima de 5, quando na maioria dos barcos esta razão não passa dos 3.5.

Para resistir a essa grande potência é necessário uma grande estabilidade do casco, isto quer dizer que o centro de gravidade deve estar o mais baixo possível e mais a barlavento possível, e o centro de flutuação mais a sotavento possível; em função disto, opta-se por lastros d’água que possibilitam a migração do centro de gravidade do barco a barlavento (escoras), limitando o ângulo de adernamento entre 12º e 15º.

Lastros:

São colocados a meia altura da borda do casco para minimizar a migração a sotavento do centro de gravidade, quando o barco estiver adernado para o lado indesejado (sotavento); desta maneira este lastro fica submerso com adernamento de 20º a 23º.

O carregamento de lastro necessário ou desejado se faz de duas maneiras: uma pelo próprio adernamento de 15º a 20º do lado do enchimento, abrindo uma válvula de grande fluxo e completando a manobra com bordo, deixando o lastro a barlavento. A outra utilizando uma bomba elétrica.

Velame:

É um sistema de velame “full baten” 7/8 com uma vela mestra grande e uma vela de proa 105%.

O velame 7/8 tendendo a forma elíptica diminui o vortex da testa da vela mestra (downwash), aumentando a eficiência.

A forma elíptica do velame e a forma de posicionamento da retranca abaixam o centro de empuxo do velame diminuindo o adernamento e possibilitando a opção de uma maior área vélica (maior potência).

O mastro é suportado por três pontos principais de ancoragem, um na proa e dois nas bordas laterais do casco através de fuzis. Estes apoios estão posicionados na projeção vertical das cruzetas a 27º para a popa. Este sistema de estaiamento permite diâmetros bem menores de cabos provocando menor arrasto aerodinâmico. Outra opção de uma maior área vélica (maior potência).

A retranca é grande, presa em posição mais baixa possível junto ao pé de mastro para diminuir o esforço sobre ela, e pelo punho de escota na outra extremidade contraria na popa do barco, facilitando as manobras. Este tipo de retranca não usa burro. Os rizos da vela mestra e todas as adriças chegam na secretaria junto a entrada do barco.

Para aumentar a eficiência do velame com ventos de través para a popa, pode-se ter uma gennaker, que pode ser armada sobre um gurupês a 1m de distância da proa.

Outros detalhes:

O Vini 42 é construído com alumínio naval, segundo as tecnologias mais modernas; é leve, robusto e de longa vida.

Do interior da casaria será possível ter uma visão de 360º para o mar, observar totalmente o velame pelas vigias do teto, colocar uma mesa de navegação ampla e funcional que abrigue toda a instrumentação necessária e ainda, optar por uma cama de vigia acima do corredor na altura dos vidros.

Outros elementos importantes do Vini 42 são os estanques de proa e popa (área de lemes) como segurança em abalroamentos.